quinta-feira, 2 de julho de 2020

Bonecas de massa da ilha da Madeira

Bonecas de massa da ilha da Madeira


As "bonecas de massa" ou “bonecas de maçapão” eram figuras comestíveis, confecionadas com farinha de trigo (massa de pão) e eram vendidas, tradicionalmente, nos nossos arraiais.
O casal de bonecos simboliza a união e, portanto, a fertilidade e a fecundidade. Presenças obrigatórias nos arraiais, estas figuras eram exibidas pelos romeiros, sendo colocadas nos chapéus, penduradas nos colares de rebuçados ou transportadas na mão por crianças e adultos. O uso de figuras rituais modeladas em massa de pão remonta à Antiguidade. Usualmente associadas a rituais de fertilidade, ao culto dos mortos ou a rituais agrícolas, relacionados com a regeneração e proteção das sementeiras, estes “bonecos comestíveis” ocupam um lugar muito específico entre a doçaria e os pães figurativos, tendo sido o seu fabrico muito comum na Idade Média.


Em Portugal a par da doçaria conventual, amplamente difundida a partir do século XVI, surgiu também uma outra, de caráter profano, comercializada nas romarias pelos vendedores ambulantes, na qual se incluía vários tipos de doces e pão, cuja morfologia variava de região para região. As suas formas iam desde figuras antropomórficas, a figuras relacionadas com a flora e a fauna ou inspiradas em motivos populares, nomeadamente o coração, símbolo muito enraizado na cultura popular portuguesa. Desconhece-se ao certo a origem deste figurado de maçapão vendido no nosso arquipélago, por altura das Romarias, nos chamados arraiais. É, no entanto, provável que tenha sido introduzido pelos primeiros colonos e se tenha transformado, ao longo do tempo, pelas mãos e criatividade das nossas artífices, distinguindo-se pelas suas originais formas e cores. As figuras produzidas são morfologicamente variadas e possuem diferentes dimensões: o casal, inspirado na figura humana feminina e masculina, símbolo de fertilidade e fecundidade, o galo, que simboliza a vigilância e o trabalho e relaciona-se com cultos ancestrais de proteção na doença, as pulseiras ou argolas, símbolos do eterno retorno e da eternidade e os cestinhos encanastrados. 


Todas as fases de fabrico exigiam muita habilidade: havia que preparar a massa, tendê-la, modelar as figuras, ornamentá-las e cozê-las. As matérias-primas utilizadas nestes artefactos eram farinha, água e fermento para fazer a massa, corante de ovo para lhes dar cor, papel de seda azul e vermelho para ornamentar as figuras e sementes, nomeadamente de “bananeira de jardim” ou de “cebolinho”, para colocar nos olhos dos bonecos e passarinhos. Depois vai ao forno durante 20 minutos e está pronta a ser vendida.



Brasão de armas da freguesia do Caniço, município de Santa Cruz, em cujo escudo figuram as bonecas de massa típicas da zona:


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